sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Produtores de vida:


 A água é um recurso natural insubstituível para a manutenção da vida saudável e bem estar do homem, além de garantir auto-suficiência econômica da propriedade rural. Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas e das matas ciliares além do uso inadequado dos solos, vêm contribuindo para a diminuição da quantidade e qualidade da água.
Para a recuperação e preservação das nascentes e mananciais em propriedades rurais, pode-se adotar algumas medidas de proteção do solo e da vegetação que englobam desde a eliminação das práticas de queimadas até o enriquecimento das matas nativas. Conheça algumas delas, já praticadas por alguns produtores rurais que podem valorizar suas terras.




Conservação do Solo
Plantio em curva de nível: é uma técnica de conservação do solo e da água, excelente para o cultivo em morros e terrenos acidentados. Neste tipo de plantio, cada linha de plantas forma uma barreira diminuindo a velocidade da enxurrada.
Evitar queimadas pois estas, causam sérios danos às florestas e outros tipos de vegetação deixando o solo descoberto e matando os microrganismos e a vida do solo. Este solo sem proteção da cobertura vegetal pode ficar endurecido pela ação das gotas da chuva, o que irá reduzir a velocidade e quantidade de infiltração da água, além de favorecer as enxurradas.
Plantio em consórcio, intercalando faixas com plantas de crescimento denso com faixas de plantas que oferecem menor proteção ao solo. As faixas com plantas de crescimento denso têm a função de amortecer a velocidade das águas da enxurrada permitindo uma maior infiltração de água no solo.
Fazer uso dos restos culturais (palhada). Esse material, também chamado de matéria orgânica, quando apodrece favorece os organismos que vivem na terra melhorando as condições de infiltração e armazenamento de água no solo, além de diminuir o impacto das gotas de chuva sobre a superfície.







Uso de Defensivos
O uso excessivo e descontrolado de defensivos agrícolas nas lavouras são grandes agentes de contaminação do solo e da água, principalmente do lençol freático. Por isso seu uso dever ser controlado e feito sob a orientação de um técnico responsável.
Deve-se construir locais apropriados para o descarte das embalagens, que jamais devem ser jogadas em rios e córregos ou junto ao lixo comum da fazenda.

Cercamento de Nascentes
Construção de cercas, fechando a área da nascente, num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d’água: evita a entrada dos animais e por conseguinte o pisoteio e compactação do solo.
Manutenção do asseio, ou seja a limpeza em volta da cerca para evitar que o fogo, em caso de incêndio, atinja a área de nascente.



Enriquecimento da Vegetação
A vegetação em torno das nascentes funciona como barreira viva na contenção da água proveniente das enxurradas.
Deve-se priorizar espécies nativas da região que geralmente são divididas em pioneiras e clímax.
Guapuruvu, bracatinga, orelha-de-negro, amoreira, pitanga, alecrim e sibipiruna são exemplos de espécies pioneiras, ou seja de ciclo de crescimento rápido que produzem uma grande quantidade de sementes, facilitando assim a renovação natural da área plantada, já que possuem duração máxima de 20 anos. Exigem muita luz solar e servem para fazer sombreamento para as espécies clímax.
Recomenda-se que as covas das espécies pioneiras devam ser feitas em ziguezague, proporcionando uma cobertura vegetal mais ampla. O plantio das mudas pode obedecer um espaçamento padrão de 3m x 3 m.
Óleo de copaíba, ipê, peroba, acácia, paineira, jacarandá, cedro, pau-brasil, angico, pau-de jacaré, pau-ferro, entre outras, são exemplos de espécies de clímax, de desenvolvimento mais lento, que necessitam do sombreamento das espécies pioneiras para se desenvolverem. Produzem sementes e frutos e possuem vida média de 100 anos.
A mata ciliar não deve ser plantada em cima da nascente. Deve-se respeitar um espaço mínimo de 30 metros de distância. A renovação da vegetação junto à nascente deve acontecer de maneira natural.




 Outras Medidas
Construção de fossas assépticas nas residências rurais, evitando o lançamento de esgotos nas águas da propriedade.
Construção de fossas para os rejeitos animais, principalmente no caso de criação de suínos..
Construção de cochos para abastecimento de água para o gado ao longo da propriedade, evitando o trânsito de animais junto às nascentes e córregos.


Conheça ações de preservação de nascentes bem sucedidas clicando em:http://institutoterra.org/enews/2013/12/19/noticias.html#3



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Lá naquele "mato" tinha uma onça...

 
Estudos indicam a existência de menos de 250 onças-pintadas adultas na Mata Atlântica. Um grupo de 13 pesquisadores brasileiros publicou, na edição de 22 de novembro da revista científica Science,  uma carta que alerta sobre o risco de desaparecimento da onça pintada na floresta, com base em estudos científicos realizados pelos autores. A Mata Atlântica ocupava no passado quase toda a costa brasileira, chegando até a Argentina e o Paraguai. Pedro Manoel Galetti Júnior, professor do Departamento de Genética e Evolução (DGE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é um dos autores da publicação.
Os estudos comentados indicam que existem no bioma, atualmente, menos de 250 animais adultos, distribuídos em oito populações isoladas. Com base neste e em outros indicadores, os autores da carta afirmam que a Mata Atlântica poderá ser, em breve, o primeiro bioma tropical a perder o seu maior predador, com efeitos imprevisíveis e, certamente, devastadores. A carta afirma também que a principal causa do declínio da população de onças pintadas na Mata Atlântica é a caça relacionada aos impactos do animal sobre a pecuária, que acontece inclusive no interior de áreas de preservação.
A Science, juntamente com a revista Nature, é considerada o principal periódico científico multidisciplinar da atualidade.

- Com informações da Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade Federal de São Carlos. Para mais informações, contatar Mariana Pezzo – mariana@ufscar.br.
Onça-pintada estará extinta em menos de 100 anos no Parque Nacional do Iguaçu
Um exemplo do que os pesquisadores alertam na carta à Revista Science está no Parque Nacional do Iguaçu. A região do Parque Nacional do Iguaçu já teve registro de 180 onças-pintadas. Atualmente, porém, a estimativa é de que existam apenas 18 indivíduos vivendo na área e que em 80 anos a espécie estará extinta.
As informações foram divulgadas durante o Fórum Mundial do Meio Ambiente deste ano, em Foz do Iguaçu, por Marina Xavier da Silva, coordenadora do projeto Carnívoros do Iguaçu, e por Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Análises genéticas que fizemos em 2010 na população do Alto Paraná indicam que ela está sofrendo e, se não tiver ações eficazes e rápidas, a probabilidade de extinção é de 80 anos, de acordo com os modelos matemáticos. Há a necessidade de empenho de todos”, afirmou Morato. Ainda segundo ele, em 2011 a revista Science publicou um estudo que mostrou que a perda de grande predador numa área pode levar ao desaparecimento desse ambiente, o que é muito preocupante.
De acordo com Morato, existem hoje 20 mil armadilhas fotográficas, porém não há mais o registro de queixadas no parque – que são as presas preferidas da onça-pintada. “Então, o risco de extinção da onça também é grande”, afirmou.
O parque sofre com a caça, pesca e exploração ilegal de palmito. A Unidade de Conservação tem um perímetro total de 420 km e há muitas estradas e pequenas propriedades na região.
“Temos convênio com a Polícia Ambiental do Paraná e existe uma corporação com 40 homens dentro do parque, trabalhando em escalas. Mesmo tendo esse convênio é pouca gente. Há ainda 10 servidores públicos. Falta gente, faltam recursos e estrutura, como caminhonete e postos nos diversos municípios para coibir os crimes”, afirma o chefe do parque, Jorge Pegoraro.
A caça ilegal é uma das principais ameaças ao meio ambiente e aos animais do Parque. A situação se complica com a possibilidade de reabertura da antiga Estrada do Colono dentro do Parque.


 Segundo a PF, até ser fechada, a Estrada do Colono era “largamente utilizada por criminosos como caminho para transportar mercadorias ilícitas, armas, munições e drogas, além de facilitar a prática de crimes ambientais” e que a reabertura “seria mais um complicador no que se refere ao controle de nossas fronteiras”.Além da Polícia Federal, a Ministra do Meio Ambiente, a sociedade civil e personalidades já expressaram publicamente sua oposição à estrada no interior do Parque. Um coletivo de organizações da sociedade civil também já enviaram carta para Unesco advertindo sobre a ameaça ao Patrimônio Natural da Humanidade.
A construção da “Estrada-Parque Caminho do Colono” cortará ao meio um dos últimos remanescentes florestais contínuos de Mata Atlântica, impactará e colocará sob ameaça a conservação da biodiversidade em Iguaçu.  Imagens aéreas mostram que a região por onde passava a Estrada do Colono (veja histórico) já se recuperou e hoje voltou a ter floresta.
“A cobertura vegetal já tomou conta, só resta uma cicatriz, mas houve uma extraordinária recuperação da Mata Atlântica”, afirma o chefe do parque, Jorge Pegoraro. Se ela voltar a ser aberta, os riscos de caça aumentam e os animais ficarão ainda mais ameaçados.

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