O incómodo que os blogues provocam em alguns políticos lembra-me o tempo em que ajuntamentos de três pessoas equivaliam a uma manifestação. Se o cidadão anónimo se limita a expressar a sua opinião ao vizinho, ao colega de trabalho ou ao companheiro da bica dágua está bem, mas se lhe ocorrer fazer chegar essa opinião a umas dezenas, centenas ou mesmo milhares de pessoas isso incomoda os políticos. Começa-se logo a questionar quem é tal pessoa e se o blogger quiser continuar anónimo como sempre foi na vida anda muito boa gente a tentar identificá-lo.
O blogger não só é indisciplinado e pensa de forma livre como não está ao alcance das máquinas partidárias, ainda por cima diz o que pensa de um político sem lhe pedir para se pronunciar. Ao contrário do blogger, o jornalista está sempre ao alcance do assessor de imprensa (que em regra é um jornalista) o que permite aos políticos amaciar ou mesmo impedir que saiam muitas notícias. Além disso há sempre uns comes e bebes onde os políticos criam intimidades com jornalistas e articulista.
O que os políticos odeiam nos blogues não são os disparates que às vezes vemos, nem são esses blogger que os políticos mais temem. O que eles receiam mesmo é a opinião livre, aquilo a que eles não estão nada habituados é que o cidadão comum faça chegar a sua opinião a outros cidadãos comuns, sem que essa opinião seja filtrada pelos assessores.
Em suma, o que os políticos detestam mesmo é que os cidadãos tenham opiniões e que, ainda por cima, se consigam fazer ouvir. Afinal se são pessoas públicas e pediram para sê-lo...então aceitem as opiniões e críticas democraticamente assim como aceitam votos!!!
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