O principal socialista do século XXI se despede da vida com grande legado.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, morreu de câncer. A morte do líder foi anunciada na televisão pelo vice-presidente do país Nicolás Maduro. Após a cirurgia oncológica realizada em 11 de dezembro em Cuba, a condição do líder venezuelano se deteriorou rapidamente. Hugo Chávez tinha 58 anos de idade. Ele governou o país por mais de 14 anos.
O presidente da República
Bolivariana da Venezuela, soldado bolivariano, socialista e
anti-imperialista. Esta é uma breve saudação de Hugo Rafael Chávez Frías
em sua página no Twitter. O futuro líder da Venezuela, enquanto
criança, sonhou em ser um jogador de beisebol profissional, e sua mãe
tinha esperança de que o filho se tornaria um sacerdote. Mas ele se
formou na Academia Militar e serviu nas unidades aerotransportadas.
Desde então, a boina vermelha é uma parte integrante de sua imagem.
Em
1982, juntamente com outros oficiais, Chávez criou o movimento
revolucionário Simon Bolívar, e 10 anos depois liderou o golpe de estado
contra o presidente Carlos Andrés Pérez. A tentativa de golpe
fracassou. Depois de dois anos de prisão, ele foi perdoado e começou sua
atividade política legal. Nas eleições presidenciais de 1998, Chávez
ganhou 55 por cento dos votos.
Em
2002, o país vive mais uma vez um golpe de estado. Desta vez já contra o
próprio Chávez. Ele foi removido de seu cargo, mas passadas 47 horas
voltou ao poder. Ele desfrutava de uma enorme popularidade no país, diz o
diretor adjunto de pesquisa do Instituto da América Latina, Boris
Martynov.
"Chávez
levantou da pobreza segmentos bastante grandes da população, e eles
são-lhe gratos por isso. Ele proporcionou-lhes apartamentos baratos,
assegurou o apoio social, o cuidado da saúde, a educação. Isso não é
algo que se pode simplesmente descartar".
Durante
o governo de Chávez, a população do país aumentou em 7 milhões, e a
taxa de desemprego caiu para 6 por cento. Chávez estava construindo o
socialismo do século XXI com petrodólares. A Venezuela é o quinto maior
exportador de petróleo do mundo. O aumento dos preços das
matérias-primas permitiu ao país chegar quase ao Olimpo do mundo,
acredita o editor-chefe da revista Rússia na Política Global Fiodor Lukianov.
"O
fenômeno de Chávez como celebridade internacional é devido ao muito
anseio por diversidade política no mundo. Surgiu um homem que disse
abertamente que o socialismo ruiu, mas vamos oferecer um novo. Chávez
era muito popular em certos círculos da Europa. Ele era saudado como um
novo Fidel Castro ou Che Guevara".
As
exportações de petróleo venezuelano estão amplamente focadas sobre os
EUA, apesar de relações bastante tensas entre os dois países. Chávez
considerava seu principal adversário não a oposição dentro do país, mas
as forças imperialistas no exterior. Em primeiro lugar – os Estados
Unidos.
A
nacionalização em grande escala no país imediatamente afetou empresas
norte-americanas. Os principais gigantes ocidentais que investiram na
economia do país cerca de 17 bilhões de dólares podiam esquecer esses
investimentos e futuros lucros. Eles foram obrigados a transferir o
controle majoritário à empresa estatal Petróleos de Venezuela. Junto com
as companhias de petróleo, o governo passou a controlar também ativos
de energia e telecomunicações.
A
linha de Chávez nas relações com a Rússia era diferente. Após o embargo
dos EUA sobre o fornecimento de armas a Venezuela começou comprando
equipamentos à Rússia. Moscou e Caracas foram ligados por contratos
técnico-militares e petrolíferos, nota o editor-chefe da revista América Latina Vladimir Travkin.
"Durante
a presidência de Chávez foram assinados muitos acordos entre a Rússia e
a Venezuela em vários campos. Nisso estavam interessados tanto o
governo como os círculos de negócios. Esta é uma cooperação mutuamente
benéfica, não é de carácter ideológico. As nossas relações com a
Venezuela não são o apoio de um ou outro regime, mas a busca de contatos
mutuamente benéficos".
Moscou
chama Caracas seu parceiro estratégico. A Venezuela, seguindo a Rússia,
reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia. Hugo Chávez
acreditava que é à Rússia que cabe o papel necessário para atingir o
equilíbrio no mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário