Cobrança por uso de recursos hídricos gerou R$ 73,8 milhões em arrecadação para o País:
O dinheiro arrecadado é utilizado para ações de recuperação das bacias hidrográficas, que são escolhidas pelos comitês de bacia.
*A
cobrança é um dos instrumentos de gestão instituídos pela Política Nacional de
Recursos Hídricos
A
cobrança pelo uso dos recursos hídricos brasileiros durante o ano de 2012
chegou ao maior percentual atingido até hoje, na marca de R$ 73,8 milhões. Esse
valor foi repassado pelas quatro bacias hidrográficas com rios de domínio da
União (os interestaduais e transfronteiriços) que já pagam pelo uso das águas
dos rios: Paraíba do Sul; Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ); São Francisco e
Rio Doce.
Este
montante é utilizado para ações de recuperação das bacias hidrográficas
(plantio de matas ciliares, dragagem dos rios e iniciativas de educação
ambiental, por exemplo), que são escolhidas pelos comitês de bacias
hidrográficas.
- Mais duas bacias hidrográficas podem começar a cobrar pelo uso da água
- ANA altera procedimentos para uso de recursos da cobrança pelo uso da água
Na
negociação dos contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas (ANA),
comitês de bacias hidrográficas e as entidades delegatárias das funções de
agências de água, foram inseridas cláusulas que estipulam prazos para a
assinatura dos contratos e para a execução das iniciativas de recuperação das
bacias. Isso inclui compras, obras e serviços. Estas contratações são regidas
por resoluções da ANA. A maior agilidade no desembolso permite que os recursos provoquem
uma melhora, mais rápida, da qualidade e quantidade das águas com a cobrança
implementada.
Além
disso, a Agência Nacional de Águas estimulou a criação e a aplicação de Planos
de Aplicação Plurianual (PAP), que indicam as ações dos planos de bacia que
serão executadas com recursos da cobrança num período de quatro anos. No PAP,
os comitês priorizam iniciativas de planejamento para a bacia, como a
elaboração de projetos, através de demandas induzidas e contratações diretas
pelas entidades delegatárias.
- ANA apresenta diagnóstico atualizado da situação da água e sua gestão no Brasil
- Relatório diz que 96% da água brasileira é satisfatória em qualidade e quantidade
Aplicação
dos recursos
No caso
da Fundação Agência das Bacias PCJ – que é a entidade delegatária na bacia dos
rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – o desembolso chegou a 109%. Isso
significa que a Fundação desembolsou todo o recurso arrecadado (R$ 22,2
milhões) no ano passado mais R$ 2,2 mi remanescentes de anos anteriores que
ainda não haviam sido desembolsados. A entidade destinou, por exemplo, R$ 1,8
milhão para a contratação de serviços de expansão e atualização do sistema de
suporte a decisões da bacia, que é importante para o abastecimento da Região
Metropolitana de São Paulo.
Em 2012,
a AGB Peixe Vivo conseguiu desembolsar R$ 8 milhões dos R$ 22,3 mi arrecadados
(36,1%). Entre os investimentos, a entidade delegatária da bacia do rio São
Francisco aplicou mais de R$ 900 mil em obras e serviços para a recuperação das
bacias do rio Jatobá e do córrego do Onça, ambas em Minas Gerais, e das
sub-bacias do rio das Pedras (MG), córrego Buritis (MG) e do Mocambo (BA).
A bacia
do Paraíba do Sul, importante para o abastecimento da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro, é a que tem a cobrança há mais tempo entre as que possuem rios
de domínio da União: desde 2003. Nela a Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul
(Agevap) desembolsou R$ 8 milhões dos R$ 26,5 mi arrecadados. Em 2012, a entidade
contratou, por exemplo, o Projeto de Recuperação da Mata Ciliar do Paraíba do
Sul, em Volta Redonda (RJ), num valor total de R$ 560 mil. Em maio a Agevap se
tornou a primeira entidade a enviar um relatório de avaliação a
cobrança ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).
O IBIO,
entidade delegatária da bacia do rio Doce, que abrange áreas de Minas Gerais e
Espírito Santo, adquiriu por R$ 440 mil imagens de satélite da bacia para
auxiliar na previsão e acompanhamento de cheias na região. Dos R$ 2,8 milhões
arrecadados em 2012 (primeiro ano completo da cobrança, que começou em novembro
de 2011), houve o desembolso de R$ 704 mil.
Cobrança
pelo uso dos recursos hídricos
A
cobrança é um dos instrumentos de gestão instituídos pela Política Nacional de
Recursos Hídricos, de 1997, e tem como objetivo estimular o uso racional da
água e gerar recursos financeiros para investimentos na recuperação e
preservação dos mananciais das bacias. A cobrança não é um imposto, mas um
preço condominial, fixado a partir de um pacto entre os usuários de água e o
comitê de bacia, com o apoio técnico da ANA. O instrumento é implementado a
partir da aprovação, pelo CNRH, dos mecanismos e valores de cobrança propostos
pelos comitês.
Os
recursos arrecadados são repassados integralmente pela ANA à agência de águas
da bacia (ou à entidade delegatária que exerce tal função), conforme determina
a Lei nº 10.881, de 2004.
Cabe à agência de água alcançar as metas previstas no contrato de gestão
assinado com a Agência Nacional de Águas – instrumento pelo qual são
transferidos os recursos arrecadados.
Saiba
mais sobre a cobrança em Cobrança e Arrecadação
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