OS
INCONVENIENTES DE SER RIO
Dirceu Rabelo
Nem cismavam as gretas de pedras
Das
serras de Diamantina
Quando
começaram a parir
As
águas do Rio do Peixe
Que
as dores do parto
Não
terminariam ali
Segue
seu filho bastardo
Lambendo
o lodo das lapas
Engrossando
seu leito preguiçoso
Serpenteando
feito gari
Lavando
areia aqui e ali
Levando
com os sedimentos
Os
preciosos frutos da ganância
Purificando
a alma do Serro
Ressurgindo
em Alvorada
Ali
sendo estuprado pelo garimpo
Que
ralam seus barrancos sem dó
Irrompendo
em Dom Joaquim
Onde
para incrédulo!
Aqui,
um grande minerossauro
Fuça
suas margens
Bem
onde ele é deflorado
Pelo
desalmado e fedido Rio Folheta
Fecharam
questão!
Vão
levar suas águas para o mar
Com
canudões, em sucção
Por
outros caminhos
Que
não os normais
Quanta
maldição!
Mas,
suas águas não vieram do mar?
E
para lá não estão indo…
Naturalmente?
Por
que não deixam?
Fecharam
questão (já não foi dito?)
Mas,
o que restar do rio – se restar!
Continuará
agora
Cambaleante
como um bêbedo
Mais
magro, mirrado
Coitado,
malgrado progresso
Desaguando
quase seco
No
Rio Santo Antônio
Triste
sina ser rio
Onde
riem de seu
Líquido
estado de ser.
Comentário do Blogueiro e amigo:
Simplesmente MARAVILHOSO!!!!!!!!!!!!!!
Chega a me cutucar o coração feito punhal de palavras -
benditas que sangram e seguem sinuosas feito o próprio leito de vida e morte
deste RIO que ainda nada contra a maré feito piau vermelho em busca de
refúgio...
Esse poema deixa marcas indeléveis feito ferro quente no
coro de gado novo... Nem todo ouro do mundo junto vale um grito da alma que
(re)clama e declama o sentimento dos - Raimundos; quem vão seguindo com muitas
rimas e poucas soluções...Mundo, mundo...vasto Mundo!!!...
Obrigado pela honra de estar sendo "postado" aqui no seu blog, caro Claudim. Além disso, como já comentei lá no meu blog do Dirceu Rabelo, o seu belíssimo comentário mais parece uma continuação do meu poema. Parabéns cara!
ResponderExcluirAcho que estamos no caminho certo. Vamos nessa!
Abraço amigo!