Instaurada no CONGRESSO a COMISSÃO DA VERDADE :
O movimento Levante Popular da Juventude realizou manifestações em
frente a residências e uma empresa de propriedade de pessoas suspeitas
de tortura durante a ditadura militar, nesta manhã nas
cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo.
"Foram organizadas ações no País inteiro de denúncia de torturadores
pela Comissão da Verdade", disse a integrante do movimento em São Paulo
Lira Alli. A comissão foi criada pelo governo federal no final do ano
passado para investigar os crimes cometidos durante o período militar, e ontem foi instaurada.
Na zona sul de São Paulo, os manifestantes se reuniram em frente a
empresa de segurança privada de propriedade de David dos Santos Araújo,
conhecido como Capitão Lisboa, para denunciar sua suposta participação
em crimes de tortura, assassinato e a abuso sexual durante o regime
militar, conforme diz o movimento citando ação civil pública do
Ministério Público Federal.
"A ideia não era uma ação de enfrentamento, mas denunciar que a
pessoa que vive lá cometeu esses crimes e vive normalmente como se nada
tivesse acontecido", explica Lira. Além da manifestação em frente à
empresa, um grupo ficou responsável por conversar com moradores do
quarteirão onde fica a empresa para falar sobre os crimes dos quais
Araújo é acusado.
Em Belo Horizonte os manifestantes se reuniram em frente à casa de
Ariovaldo da Hora e Silva, no bairro da Graça, com faixas, cartazes e
tambores, e distribuíram cópias de documentos do Departamento de Ordem
Política e Social (Dops) - responsável por controlar e reprimir
movimentos políticos contrários ao regime -, com relatos de tortura, dos
quais teria participado Ariovaldo.
O movimento divulgou ainda, no Facebook, fotos de um ato realizado em
Porto Alegre (RS) em frente à casa do coronel Carlos Alberto Ponzi,
ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), também acusado de
tortura pelo movimento. Os manifestantes picharam muros e calçadas
dizendo que ali vive um torturador.
Segundo Lira, os atos foram inspirados em ações realizadas em
diversos países da América Latina, chamadas de escracho, na Argentina,
contra a impunidade de pessoas envolvidas com crimes durante a ditadura.
"Sabemos que tem o manifesto dos militares da reserva que são contra a
criação da Comissão da Verdade e existe um certo tensionamento de
setores da sociedade, justamente os envolvidos com torturas e
assassinatos que não querem que a comissão da verdade aconteça. E
achamos que a juventude tem que se mobilizar a favor", diz.
Ninguém foi encontrado na empresa de segurança de propriedade de
David dos Santos Araújo para comentar sobre a manifestação. Ariovaldo da
Hora e Silva e Carlos Alberto Ponzi também não foram localizados.
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