terça-feira, 31 de julho de 2012

Em outubro todo mundo lá...



O aldeão não se alimenta da cultura, vive de migalhas que os políticos jogam sobre suas vestes rasgadas pelo tempo... O vento enobrece o balançar dos cabelos... cego pela educação, mas não perde a razão de que não vale a pena entender, aprender... O que importa para o excluído é: pão, circo, e brincar de fazer filhos e dias felizes que virão...


Não há vagas
                                                   Ferreira gullar 

O preço do feijão não cabe no poema.
O preço do arroz não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás a luz o telefone
a sonegação do leite da carne do açúcar do pão
O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome
Sua vida fechada em arquivos.
Como não cabe no poema o operário que esmerilha seu dia de aço e carvão.
Nas oficinas escuras
 porque o poema, senhores, está fechado: "não há vagas"
Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço
O poema, senhores, não fede nem cheira.


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