O aldeão não se alimenta da cultura, vive de migalhas que os
políticos jogam sobre suas vestes rasgadas pelo tempo... O vento enobrece o
balançar dos cabelos... cego pela educação, mas não perde a razão de que não
vale a pena entender, aprender... O que importa para o excluído é: pão, circo,
e brincar de fazer filhos e dias felizes que virão...
Não há
vagas
Ferreira gullar
O preço
do feijão não cabe no poema.
O preço do
arroz não cabe no poema.
Não cabem
no poema o gás a luz o telefone
a
sonegação do leite da carne do açúcar do pão
O
funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome
Sua vida
fechada em arquivos.
Como não
cabe no poema o operário que esmerilha seu dia de aço e carvão.
Nas
oficinas escuras
porque
o poema, senhores, está fechado: "não há vagas"
Só cabe
no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede nem cheira.
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