Estudo amplia papel das
florestas no combate ao aquecimento
As
florestas mundiais têm um papel maior do que se imaginava no combate à mudança
climática, disseram cientistas no mais abrangente estudo já realizado a
respeito da capacidade de absorção florestal do dióxido de carbono atmosférico.
O estudo
deve contribuir para a implementação do Redd (Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação), um programa da Organização das Nações Unidas (ONU)
para a criação de um mercado global de créditos de carbono, recompensando
projetos que protejam as florestas tropicais. Se essas florestas armazenam mais
carbono do que se imaginava, os projetos se tornam mais valiosos.
Já se
sabia que as árvores, ao crescerem, capturam grandes quantidades de dióxido de
carbono (CO2), o principal dos gases do efeito estufa. Mas até agora não havia
sido possível calcular quanto CO2 as árvores absorvem em diferentes partes do
planeta, e qual é o total global de gases liberado na derrubada e queima das
matas.
O estudo
a ser divulgado na sexta-feira na revista Science discrimina a capacidade de
absorção nas florestas tropicais, temperadas e boreais, e mostra que as árvores
capturam mais de 10 por cento do CO2 gerado por atividades humanas, mesmo
quando se leva em conta todas as emissões decorrentes do desmatamento.
"Esta
análise coloca as florestas num nível de importância ainda mais elevado na
regulamentação do CO2 atmosférico", disse Pep Canadell, um dos autores do
estudo e diretor do Projeto Carbono Global, ligado à Organização de Pesquisa
Científica e Industrial da Commonwealth, na Austrália.
Com base
em dados estatísticos, informações de satélites e modelos computacionais, os
cientistas calcularam que as florestas estabelecidas e recém-replantadas nos
trópicos absorveram quase 15 bilhões de toneladas de CO2 no último ano -
equivalente a cerca de metade das emissões causadas por indústrias, transportes
e outras fontes. Por outro lado, o desmatamento gerou 10,7 bilhões de
toneladas.
Uma
grande surpresa foi o fato de que florestas recém-replantadas nos trópicos são
muito mais eficazes do que se pensava na absorção do CO2, totalizando quase 6
bilhões de toneladas de CO2, aproximadamente a emissão total dos EUA em um ano.
Para
Canadell, isso mostra que alguns países estão abrindo mão de grandes benefícios
do programa Redd ao menosprezarem as oportunidades geradas pela recuperação
florestal.
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